NOBRE DESDE A ORIGEM
Dona Maria Francisca de Saboya, rainha de Portugal, educada na corte de Versalhes no reino de Louis XIV, trouxe-nos a modernidade da cozinha francesa, destacando o “Liqueur de Griottes” (licor de ginja), criado pelo famoso cozinheiro François Pierre de la Varenne. A rainha elaborou em Óbidos, em 1677, o seu preferido licor cuja receita está reproduzida na “Real Ginja d’Óbidos”, com a permissão da CASA REAL PORTUGUESA.
Deverá ser bebido com moderação e subtil frescura.
HISTÓRIA
A história da origem da ginjeira (prunus cerasus) é longa e antiga
A designação latina (cerasus) deve-se ao facto de a origem da ginjeira ter sido em Cerasunte, localidade situada a nordeste da Turquia, Ásia Menor, curiosamente na região onde, há 9.500 anos, o Homem começou uma das suas maiores revoluções – a AGRICULTURA. Foi desta região que o general romano, Lúculo, (109-57 a.C.) trouxe para Roma as primeiras ginjeiras (prunus cerasus).
O general romano que começou tudo
Lúculo, general e fitólogo romano, tinha a paixão de colecionar novas variedades botânicas. Na sua última batalha, na Ásia Menor, na qual venceu Mitrídates (rei do Ponto), o maior inimigo de Roma, regressa, vitorioso, trazendo consigo pequenas ginjeiras de Cerasunte que replantou na sua “Horti Luculiani”.
Os médicos romanos ao conhecerem as investigações dos seus antecessores gregos, recomendam o fruto ginja como um importante complemento alimentar, digestivo e diurético. Foi este o motivo da propagação da ginjeira por toda a Europa.
A existência de ginjeiras na Antiga Grécia, 300 anos antes, de acordo com as conclusões dos investigadores, ficou a dever-se a sementes (caroços) nos excrementos de aves migratórias e à observação, atenta, dos médicos gregos.
Origem dos Nobres e Reais Licores
A duquesa Catarina de Médicis descendia de uma família de banqueiros poderosos que dominavam Florença, berço do Renascimento. Catarina casa com o futuro Rei de França, Henrique II. Esta duquesa leva para a corte francesa a modernidade do Renascimento, já muito avançado nos palácios dos banqueiros de Florença, onde não faltava o requinte e a sofisticação. Levou consigo um “batalhão” de pessoas: amas, cozinheiros, pasteleiros e licoreiros, estes, inexistentes em Paris. Para além da moderna gastronomia, com os perfumados licores, Catarina de Médicis abriu portas a um mundo novo e determinou o padrão da sofisticação e de comportamentos. O fascínio dos franceses pela herança greco-latina levada por Catarina, contribuiu para desenvolver o Renascimento pela Europa, o “francesismo”.
Da moderna cozinha francesa ao “Real Licor de Ginja”
Catarina de Médicis instalou na corte francesa a modernidade renascentista. Em Portugal, um século depois, uma rainha toma a mesma atitude: Dona Maria Francisca de Saboya, educada na corte francesa no reino de Louis XIV, casa com Afonso VI de Portugal e traz, para a corte portuguesa, a modernidade da renascença herdada de Catarina de Médicis, contribuindo para o “destrono” da cultura e da gastronomia medieval quinhentista, impregnada de especiarias orientais. Esta elegante rainha contribuiu, também, para a sofisticação e o requinte na corte portuguesa propagando-se, depois, por toda a nobreza e alta burguesia, dando início ao advento da modernidade: “o francesismo” na cultura e na sociedade portuguesa.
Do amor nasce o primeiro licor em Portugal
A rainha, quando chega a Lisboa, confunde o elegante cunhado, D. Pedro, com o seu marido, D. Afonso VI sendo este “fraco de corpo e de espírito” e que nunca consumou o matrimónio, vindo este a ser anulado por bula papal. A rainha casa, então, com o seu amado cunhado D. Pedro. O amor leva-a a trocar o Mosteiro da Esperança, onde se refugiou, por Óbidos, local para onde o seu amor a levou.
Segundo o historiador, investigador e gastrónomo Alfredo Saramago, a rainha, ao encontrar ginjas nos quintais do casario real de Óbidos, elaborou o seu preferido “Liqueur de griottes” (licor de ginja) com a ajuda do seu mestre de cozinha, Domingos Rodrigues.
Assim, Saramago concluiu que o primeiro licor produzido pela primeira vez em Portugal foi o licor de ginja, preparado na Cozinha Real de Óbidos, em 1677.
Uma Marca Real
O real receituário da rainha do “Liqueur de griottes” (licor de ginja), bem como a Marca “Real Ginja d’Óbidos – Original desde 1677”, foram registados com a permissão da CASA REAL PORTUGUESA.
O receituário real é integralmente reproduzido neste licor com as suas matérias primas da mais alta qualidade. As ginjas (prunus cerasus) são certificadas e provenientes de explorações agrícolas que obedecem a uma rigorosa manutenção de Modo de Produção Integrado.
O tradicional Licor de ginja na sociedade e cultura portuguesa
Não demorou muito tempo até que a elaboração do primeiro licor de ginja, elaborado pela rainha Dona Maria Francisca de Saboya, em Óbidos, no ano de 1677, transpusesse os muros do casario real, levando a nobreza e a alta burguesia à sua divulgação, fazendo questão em presentear os seus hóspedes e amigos o Real Licor.
O manuscrito do receituário da Casa Real ‘’liqueur de griottes’’ (licor de ginja), depois de traduzido por um calígrafo e após tradução gráfica, houve ainda necessidade de decifrar as equivalências de pesos e medidas, ex: 1 arrátel=459 gramas.
Para além do fruto de ginja, álcool, água e açúcar, a Rainha adicionava pétalas de flor de lima e duas especiarias orientais. Estes três ingredientes aromáticos, são presentemente reproduzidos em extratos naturais num conceituado laboratório, com a formal garantia de exclusividade e confidencialidade.
Uma das características socioculturais do Real Licor de ginja era a transmissão familiar a que estava sujeita. Quase todos nós tínhamos – ou ainda temos – alguém na família que tem em casa o licor Real Ginja d’Óbidos, passado de pais para filhos. Fazia parte da tradição familiar uma “ginjinha”.
Era um hábito ancestral, enraizado na memória das famílias. Assim, o Real Licor de ginja é um legado, um conhecimento adquirido e transmitido de geração em geração, contribuindo para manter coesa a família e a sua história.